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Rômulo

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 Nota: Se procura por algum outro homem com o nome Rômulo, veja Rômulo (desambiguação).
Rômulo
Rei de Roma

Rômulo e Remo amamentados pela loba
Sucessor(a) Numa Pompílio
Nascimento março de 771 a.C.[1]
  Alba Longa
Morte 5-7 de julho de 717 a.C. (54 anos)[2][3]
  Roma
Pai Marte ou Amúlio[4]
Mãe Reia Sílvia[5]

Segundo a tradição romana, RômuloPB, ou RómuloPE, foi o primeiro rei de Roma, cidade que fundou com seu irmão Remo em 753 a.C. A primeira menção a Rômulo ocorre em uma das vertentes do mito de Eneias, onde este possui um filho de nome "Rhomylos", que, por conseguinte, era pai do fundador de Roma, "Rhomos".[6] Os primeiros relatos escritos acerca de Rômulo provêm de autores gregos, especialmente de Helânico de Mitilene (século V a.C.) e Quinto Fábio Pictor, que inspiraram o relato de autores clássicos como Tito Lívio, Plutarco e Dionísio de Halicarnasso.[7][8][9][10]

Biografia

Rômulo e Remo, de Peter Paul Rubens, 1615-16,Museus Capitolinos, Roma

ílvia a tornar-se vestal (sacerdotisa virgem, consagrada a deusa Vesta),[5] no entanto, esta engravida do deus Marte e desta união foram gerados os irmãos Rômulo e Remo (nasceram em março de 771 a.C.[1]).[10][11] Como punição Amúlio prende Reia em um calabouço e manda jogar seus filhos no rio Tibre.[12] Como um milagre, o cesto onde estavam as crianças acaba atolando em uma das margens do rio no sopé dos montes Palatino e Capitolino, em uma região conhecida como Cermalus, onde são encontrados por uma loba que os amamenta;[13] próximo às crianças estava um pica-pau, ave sagrada para os latinos e para o deus Marte, que os protege.[14] Tempos depois, um pastor de ovelhas chamado Fáustulo encontra os meninos próximo ao pé da Figueira Ruminal (Ficus Ruminalis), na entrada de uma caverna chamada Lupercal.[15][16] Ele os recolhe e leva-os para sua casa onde são criadas por sua mulher Aca Laurência.[17][18][19]

Rômulo e Remo crescem junto dos pastores da região praticando caça, corrida e exercícios físicos; saqueavam as caravanas que passavam pela região a procura de espólio. Em um dos assaltos, Remo é capturado e levado para Alba Longa. Fáustulo, então, revela a Rômulo a história de sua origem. Este parte para a cidade de seus antepassados liberta seu irmão, mata Amúlio, devolve Numitor ao trono e dá a sua mão todas as honrarias que lhe fossem devidas.[20][21][22] Percebendo que não teriam futuro na cidade, os gêmeos decidem partir da cidade junto com todos os indesejáveis para então fundarem uma nova cidade no local onde foram abandonados.[21][23] Rômulo queria chamá-la Roma e edificá-la no Palatino, enquanto Remo desejava nomeá-la Remora e fundá-la sobre o Aventino.[24][25] Como forma de decidir foi estabelecido que deveria-se indicar, através dos auspícios, quem seria escolhido para dar o nome à nova cidade e reinar depois da fundação. Tal gerou divergência entre os espectadores o que gerou uma acirrada discussão entre os irmãos que terminou com a morte de Remo.[26] Uma versão alternativa afirma que, para surpreender o irmão, Remo teria escalado o recém-construído pomério quadrangular da cidade e, tomado em fúria, Rômulo teria assassinado-o.[27] Remo foi sepultado em um região ao sul do Aventino, conhecida como Remoria, sendo também comemorado em 9 de maio a festa chamada Remuria (ou Lemuria) em sua homenagem.[28][29]

Rômulo transporta rico espólio para o templo de Júpiter, Jean-Auguste Dominique Ingres, École des Beaux-Arts, Paris
Rapto das Sabinas, óleo de Pietro de Cortona, Museus Capitolinos, Roma

Após a fundação da urbe (cidade), Rômulo convidou criminosos, escravos fugidos e auxiliares para darem auxílio na nova cidade, chegando assim a povoar cinco das sete colinas de Roma. Para conseguir esposas a seus cidadãos, Rômulo convidou os sabinos a um festival, onde raptou as mulheres sabinas e as levou a Roma.[30] Após a conseguinte guerra com os sabinos, Rômulo uniu os sabinos e os romanos sob o governo de uma diarquia junto com o líder sabino Tito Tácio.[31][nt 1]

Rômulo dividiu a população de Roma entre homens fortes e aqueles não aptos para combater. Os combatentes constituíram as primeiras legiões romanas; embora o resto tenha se convertido em plebeus de Roma, Rômulo selecionou 100 dos homens de maior linhagem como senadores.[33] Estes homens foram chamados pais e seus descendentes seriam os patrícios, a nobreza romana. Após a união entre romanos e sabinos, Rômulo agregou outros 100 homens ao senado. Também, sob o reinado de Rômulo, se estabeleceu a instituição dos augúrios como parte da religião romana, assim como a Comitia Curiata. Rômulo dividiu o povo de Roma em três tribos: romanos (ramnes), sabinos (titios) e o resto (luceres). Cada tribo elegia dez coviriae (cúrias, comunidade de varões), fornecendo também 100 cavaleiros e 10 centúrias de infantes cada uma, formando assim a primeira legião de 300 ginetes e 3000 infantes. Ocasionalmente podia convocar uma segunda legião em caso de urgência.[34]

Depois de 38 anos de reinado, Rômulo havia travado numerosas guerras, estendendo a influência de Roma por todo o Lácio e outras áreas circundantes. Pronto seria recordado o primeiro grande conquistador, assim como um dos homens mais devotos, da história de Roma. Após sua morte aos 54 anos de idade, foi divinizado como o deus da guerra Quirino, honrado não só como um dos três deuses principais de Roma, sendo também como a própria cidade de Roma divinizada.[nt 2]

Ver também

Notas

  1. Posteriormente, ambos os monarcas exerceram o poder real não apenas em conjunto, mas sim em harmonia.[32]
  2. Assim que Rômulo, como muito marcial ou invicto, foi chamado Quirino; e seu templo sobre um monte deu seu nome, chamando Quirinal (...) É dito, finalmente, que Rômulo desapareceu dentre os homens aos cinquenta e quatro anos de idade, e aos trinta e oito de seu reinado.[35]

Referências

  1. a b «De Fortuna Romanorum - Plutarc» (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2012 
  2. Plutarco século I, p. 27.4.
  3. Eutrópio século IV, p. I.2.
  4. Plutarco século I, p. 4.2.
  5. a b Plutarco século I, p. 3.2.
  6. Bendlin 2001, p. 1130.
  7. Salles 2008, p. 112.
  8. Halicarnasso século I a.C., p. 1.72-90; 2.1-76.
  9. Plutarco século I, p. 1.2.
  10. a b Plutarco século I, p. 3.4.
  11. «The Founding of Rome» (em inglês). Consultado em 17 de abril de 2012 
  12. Floro século II, p. I.1.2.
  13. Lívio 27-25 a.C., p. I.4.
  14. Plutarco século I, p. 4.2-3.
  15. Varrão século I a.C., p. V, 54.
  16. Plutarco século I, p. 4.1.
  17. Plutarco século I, p. 3.5-6.
  18. Lívio 27-25 a.C., p. I.5-7.
  19. Floro século II, p. I.1.3.
  20. Plutarco século I, p. 7-8.
  21. a b Lívio 27-25 a.C., p. 1.6.
  22. Floro século II, p. I.1.5.
  23. Plutarco século I, p. 9.1-2.
  24. Floro século II, p. I.1.6.
  25. Halicarnasso século I a.C., p. 1.85.
  26. Plutarco século I, p. 9.5; 10.1-3.
  27. Salles 2008, p. 111.
  28. Plutarco século I, p. 9.4; 11.1.
  29. Ovídio 12, p. 445-492.
  30. Plutarco século Ia, p. 14-15.
  31. Plutarco século Ia, p. 19-20.
  32. Lívio 27-25 a.C., p. I.1.14.
  33. Plutarco século Ia, p. 13.
  34. Plutarco século Ia, p. 20.
  35. Plutarco século Ia, p. 10.

Bibliografia

  • Eutrópio (século IV). Breviarium ab Urbe condita. [S.l.: s.n.] 
  • Halicarnasso, Dionísio de (século I a.C.). Das antiguidades romanas. [S.l.: s.n.] 
  • Plutarco (século I). Vida de Rômulo. [S.l.: s.n.] 
  • Bendlin, Andreas (2001). Enzyklopädie der Antike. [S.l.: s.n.] ISBN 3-476-01470-3 
  • Lívio, Tito (27-25 a.C.). Ab Urbe condita libri. [S.l.: s.n.] 
  • Varrão, Marco Terêncio (século I a.C.). De lingua latina. [S.l.: s.n.] 
  • Floro, Públio Aneu (séculos I-II). Epitoma de Tito Livio bellorum omnium annorum. [S.l.: s.n.] 

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