Manuel Teixeira Gomes
Manuel Teixeira Gomes | |
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7.º Presidente de Portugal | |
Período | 5 de Outubro de 1923 a 11 de Dezembro de 1925 |
Antecessor(a) | António José de Almeida |
Sucessor(a) | Bernardino Machado |
Dados pessoais | |
Nascimento | 27 de maio de 1860 Portimão, Portugal |
Morte | 18 de outubro de 1941 (81 anos) Bugia, Argélia francesa |
Primeira-dama | Belmira das Neves |
Partido | Partido Democrático |
Profissão | Escritor, Político, Negociante |
Assinatura |
Manuel Teixeira Gomes GCSE (Vila Nova de Portimão, 27 de Maio de 1860[1] — Bugia, Argélia, 18 de Outubro de 1941) foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa de 6 de Outubro de 1923 a 11 de Dezembro de 1925. Tem uma biblioteca e uma escola secundária com o seu nome em Portimão. Tem também uma escola de pré-escolar e básico com o seu nome em Lisboa.
Biografia
Filho de José Libânio Gomes e de sua mulher Maria da Glória Teixeira de Seixas Braga (Lagoa, Ferragudo) e neto materno de Francisco Manuel Teixeira de Seixas Braga (Silves, Silves) e de sua mulher Ana Bárbara da Purificação dos Santos (Lagoa, Ferragudo, 4 de Setembro de 1811), foi educado pelos pais, até entrar no Colégio de São Luís Gonzaga, em Portimão. Aos dez anos foi enviado para o Seminário Maior de Coimbra e posteriormente matriculou-se em Medicina, na Universidade de Coimbra. Cedo desistiu do curso, contrariando a vontade do pai. Muda-se então para Lisboa, onde pertence ao círculo intelectual de Fialho de Almeida e João de Deus. Mais tarde, conhecerá outros vultos importantes da cultura literária da época, como Marcelino Mesquita, Gomes Leal e António Nobre.
O apoio do pai, que decide continuar a custear a vida boémia do filho, permite a Teixeira Gomes desenvolver uma forte tendência para as artes, nomeadamente na literatura, não deixando contudo de admirar a escultura e a pintura, tornando-se amigo de mestres como Columbano Bordalo Pinheiro ou Marques de Oliveira.
Fixado no Porto, aí conheceu Sampaio Bruno, iniciando a sua colaboração em revistas e jornais, entre eles O Primeiro de Janeiro, Folha Nova, Arte & vida[2] (1904-1906), Atlântida[3] (1915-1920), no periódico O Azeitonense[4] (1919-1920) e ainda no Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas[5] (1941-1945).
Depois de se reconciliar com a família, viaja pela Europa, Norte de África e Próximo Oriente, em representação comercial para negociar os produtos agrícolas produzidos pelas propriedades do pai (frutos secos, nomeadamente amêndoas e figos) o que alarga consideravelmente os seus horizontes culturais.
Em 1899, com 39 anos casa-se com Belmira das Neves de 14 anos, de quem terá duas filhas, Ana Rosa nascida em 1906, e Maria Manuela em 1910.
Republicano convicto, vem a exercer, após o 5 de Outubro de 1910, o cargo de Ministro plenipotenciário de Portugal em Inglaterra. A 11 de Outubro de 1911 apresenta as suas credenciais ao rei Jorge V do Reino Unido, em Londres, onde se encontrava a família real portuguesa no exílio.
A 20 de Março de 1919 foi feito Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.[6]
Eleito Presidente da República a 6 de Agosto de 1923, viria a demitir-se das suas funções a 11 de Dezembro de 1925, num contexto de enorme perturbação política e social. A sua vontade em dedicar-se exclusivamente à obra literária, foi a sua justificação oficial para a renúncia. A 17 de Dezembro, embarca no paquete holandês «Zeus» rumo a Oran, na Argélia, num auto-exílio voluntário (assunto focado na «efeméride». hemerotecadigital.cm-lisboa.pt assinalada pela Hemeroteca Municipal de Lisboa).
Morre em 1941 e só em Outubro de 1950 os seus restos mortais voltaram a Portugal, numa cerimónia que veio a tornar-se provavelmente na mais controversa manifestação popular, ocorrida na já então cidade de Portimão, nos tempos do Salazarismo. No funeral estiveram presentes as suas duas filhas, Ana Rosa Teixeira Gomes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo.
Deixou uma considerável obra literária, integrada na corrente nefelibata. As suas obras completas estão disponíveis ao grande público através de edição recente.[7]
A Rua Manuel Teixeira Gomes, em Marvila, Lisboa, recebeu o seu nome.
Citação
“ | A política longe de me oferecer encantos ou compensações converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório. Dia a dia, vejo desfolhar, de uma imaginária jarra de cristal, as minhas ilusões políticas. Sinto uma necessidade, porventura fisiológica, de voltar às minhas preferências, às minhas cadeiras e aos meus livros. | ” |
Principais obras literárias
Entre as suas obras encontram-se: [8]
- Inventário de Junho (1899)
- Cartas sem Moral Nenhuma (1904)
- Agosto Azul (1904)
- Sabina Freire (1905)
- Desenhos e Anedotas de João de Deus (1907)
- Gente Singular (1909)
- Cartas a Columbano (1932)
- Novelas Eróticas (1935)
- Regressos (1935)
- Miscelânea (1937)
- Maria Adelaide (1938)
- Carnaval Literário (1938)
Notas
- ↑ Fonte: assento de baptismo nº 89, de 11-06-1860, freguesia de Portimão, Arquivo Distrital de Faro.
- ↑ Daniel Pires (1996). «Ficha histórica: Arte e Vida: Revista d'arte, crítica e ciência (1904-1906)» (PDF). Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940) | Lisboa, Grifo, 1996 | pp. 71-72. Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de Setembro de 2014
- ↑ «Atlântida : mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil (1915-1929)». cópia digital, Hemeroteca Digital. hemerotecadigital.cm-lisboa.pt
- ↑ Jorge Mangorrinha (1 de abril de 2016). «Ficha histórica:O Azeitonense: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão (1919-1920)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de setembro de 2016
- ↑ Rita Correia (30 de julho de 2019). «Ficha histórica:Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas (1941-1945)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de outubro de 2019
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Manuel Teixeira Gomes". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 19 de abril de 2014
- ↑ Ver «"Obras Completas de Manuel Teixeira Gomes" em livroraro.com.» (em inglês). www.livroraro.com. Consultado em 21 de setembro de 2008. Arquivado do original em 20 de agosto de 2008
- ↑ «Biblioteca Nacional de Portugal - Obras de Manuel Teixeira Gomes». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 15 de dezembro de 2021
Bibliografia
- Rodrigues, Urbano Tavares. Manuel Teixeira Gomes (Introdução ao estudo da sua obra). Portugália Editora, Lisboa, 1950.
- Nunes, Joaquim António. Da vida e da Obra de Teixeira Gomes. Lisboa, 1976.
Ligações externas
- «Biografia de Manuel Teixeira Gomes pelo portal "O Leme"». www.leme.pt
- «Antigos Presidentes: Teixeira Gomes - Página Oficial da Presidência da República Portuguesa». www.presidencia.pt
- «Manuel Teixeira Gomes, Antigo Estudante da Academia Politécnica do Porto». sigarra.up.pt
- Manuel Teixeira Gomes, da boémia à presidência, “Os Presidentes” (Ep. 2) (Extrato de Documentário), por Alexandrina Pereira / Rui Pinto de Almeida, Braveant para a RTP
- Manuel Teixeira Gomes, a presidência e o exílio, Os Presidentes (Ep. 2) (Extrato de Documentário), Alexandrina Pereira / Rui Pinto de Almeida, Braveant para a RTP, 2011
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