Terceiro Mundo: diferenças entre revisões
→Bibliografia: acrescentando Etiqueta: Inserção de predefinição obsoleta |
m |
||
(Há 43 revisões intermédias de 30 utilizadores que não estão a ser apresentadas) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{Ver |
{{Ver desambig2|prefixo=Para o conceito político pós-Guerra Fria|país subdesenvolvido|país em desenvolvimento}} |
||
⚫ | |||
{{Sem-fontes|data=Fevereiro de 2008}} |
|||
⚫ | |||
{{Legenda|#3465A4|[[Primeiro Mundo]]: os [[Estados Unidos]] e seus aliados.}} |
{{Legenda|#3465A4|[[Primeiro Mundo]]: os [[Estados Unidos]] e seus aliados.}} |
||
{{Legenda|#CC0000|[[Segundo Mundo]]: a [[União Soviética]] e seus aliados.}} |
{{Legenda|#CC0000|[[Segundo Mundo]]: a [[União Soviética]] e seus aliados.}} |
||
{{Legenda|# |
{{Legenda|#d3d3d3|'''Terceiro Mundo''': países [[Movimento Não Alinhado|não alinhados]] e [[País neutro|neutros]].}} |
||
]] |
]] |
||
'''Terceiro Mundo''' é um termo da [[Teoria dos Mundos]], originado na [[Guerra Fria]], para descrever os [[país]]es que se posicionaram como neutros na [[Guerra Fria]], não se aliando nem aos [[Estados Unidos]] e os países que defendiam o [[capitalismo]], e nem à [[União Soviética]] e os países que defendiam o [[socialismo]]. |
'''Terceiro Mundo''' é um termo da [[Teoria dos Mundos]], originado na [[Guerra Fria]], para descrever os [[país]]es que se posicionaram como neutros na [[Guerra Fria]], não se aliando nem aos [[Estados Unidos]] e os países que defendiam o [[capitalismo]], e nem à [[União Soviética]] e os países que defendiam o [[socialismo]]. |
||
== Histórico == |
== Histórico == |
||
⚫ | O termo <nowiki>''</nowiki>Terceiro mundo<nowiki>''</nowiki> era a idealização do movimento e <nowiki>''</nowiki>Terceiro-mundismo<nowiki>''</nowiki> trata-se da prática, a primeira expressão de tal termo deu-se durante a reunião de países [[Ásia|asiáticos]] e [[África|africanos]] que se emanciparam da colonização europeia, em abril de 1955, na [[Conferência de Bandung]], na [[Indonésia]]. É a partir dessa denominação que esses países, considerados pobres e com sérios problemas sociais como a violência, a miséria extrema e a corrupção, buscaram chamar a atenção do mundo inteiro. Porém, englobava muitos países, assim havia divergência de interesses. As divergências internas impediam a tomada de posições mais nítidas e começou a ser articulado o Movimento dos Países Não-Alinhados. A conferencia de fundação desse movimento se realizou em Belgrado (Conferencia de Belgrado-1960). No entanto, muitos desses países acabaram depois cobiçados por forças políticas e sociais ligadas a cada uma das duas facções da Guerra Fria, a capitalista e a comunista, mas apesar disso os países de terceiro mundo produtores de petróleo passaram a financiar a dívida de países desenvolvidos tal qual [[Estados Unidos]].<ref>Holly Sklar, ed., Trilateralism: The Trilateral Commission and Elite Planning for World Management. South End Press: 1980: page 65</ref> |
||
A origem do [[nome]] é do demógrafo francês [[Alfred Sauvy]], que propunha a ideia de um ''Terceiro Mundo'', inspirado na proposição do ''[[Terceiro Estado]]'' usada na [[Revolução Francesa]]. Os países membros do chamado Terceiro Mundo deveriam se unir e revolucionar a Terra, como fizeram os burgueses e revolucionários na França. Os chamados Primeiro e Segundo mundo surgiram de uma interpretação errônea por parte principalmente da mídia, que não entendeu a mensagem de Sauvy. Como consequencia disso, hoje, muitos atribuem o nome a chamada "Velha Ordem Mundial", a divisão geopolítica de poderes e blocos de influência durante o período da [[Guerra Fria]] ([[1945]]-[[1989]]). O "[[Primeiro Mundo]]" seria o dos países [[Capitalismo|capitalistas]] desenvolvidos, enquanto o "[[Segundo Mundo]]" seria o dos países [[Socialismo|socialistas]] industrializados. Restariam no "Terceiro Mundo" os países capitalistas economicamente subdesenvolvidos e geopoliticamente não-alinhados. Essa ideia surgiu de uma interpretação desatenta das afirmações de Sauvy. |
|||
A articulação do terceiro-mundismo sofreu os primeiros golpes com a aproximação entre a China e os Estados Unidos, a partir de 1972, e com a crise do pan-arabismo, alguns anos depois. Na década de 1980, o fim das crises do petróleo que abalaram o Primeiro Mundo esvaziaram as políticas de desenvolvimento autônomo de nacionalização do [[petróleo]],<ref>V.H. Oppenheim, Why Oil Prices Go Up (1) The Past: We Pushed Them. Foreign Policy: No. 25, Winter, 1976-1977: pages 50-51</ref> contribuindo para enfraquecer ainda mais o Movimento dos Países Não-Alinhados o que fez que investidores estrangeiros conseguissem facilidades nesses países o que também gerou crise nas dívidas durante a década de 90<ref>[[Robert O'Brien|Robert O’Brien]] and [[Mark Williams|Marc Williams]], Global Political Economy: Evolution and Dynamics, 2nd ed. Palgrave Macmillan: 2007: page 224-225</ref> e com isso o FMI recomendou aos países pobres produtores de petróleo que baixassem o preço da mercadoria.<ref>F. William Engdahl, A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order. London: Pluto Press, 2004: pages 130-132</ref> |
|||
⚫ | O termo <nowiki>''</nowiki>Terceiro mundo<nowiki>''</nowiki> era a idealização do movimento e <nowiki>''</nowiki>Terceiro-mundismo<nowiki>''</nowiki> trata-se da prática, a primeira expressão de tal termo deu-se durante a reunião de países [[Ásia|asiáticos]] e [[ |
||
A articulação do terceiro-mundismo sofreu os primeiros golpes com a aproximação entre a China e os Estados Unidos, a partir de 1972, e com a crise do pan-arabismo, alguns anos depois. Na década de 1980, as crises econômicas e financeiras que abalaram a América Latina esvaziaram as políticas de desenvolvimento nacional autônomo, contribuindo para enfraquecer ainda mais o Movimento dos Países Não-Alinhados. |
|||
==Ver também== |
==Ver também== |
||
Linha 22: | Linha 19: | ||
==Bibliografia== |
==Bibliografia== |
||
{{refbegin}} |
{{refbegin}} |
||
* {{ |
* {{citar livro|último1 = Santos|primeiro1 = Milton M. Santos|último2 = others|título= O trabalho do geógrafo no Terceiro Mundo|acessodata= 2017-06-19|data= 1996| url = http://www.sidalc.net/cgi-bin/wxis.exe/?IsisScript=FCL.xis&method=post&formato=2&cantidad=1&expresion=mfn=002589}} |
||
* {{ |
* {{citar livro|publicado= Editora da Universidade de São Paulo| volume = 4|último = Santos|primeiro = Milton|título= Milton Santos|capítulo= O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos|acessodata= 2017-06-19|data= 2008|capítulourl= http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=601706&indexSearch=ID}} |
||
* {{ |
* {{citar periódico| volume = 24|número= 1|páginas= 37–69|último = Fonseca|primeiro = Marília|título= O Banco Mundial como referência para a justiça social no terceiro mundo: evidências do caso brasileiro|periódico= Revista da Faculdade de Educação|acessodata= 2017-06-19|data= 1998| url = http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-25551998000100004&script=sci_arttext}} |
||
* {{ |
* {{citar livro|publicado= Vozes|último1 = Bull|primeiro1 = David|último2 = Hathaway|primeiro2 = David|título= Pragas e venenos; agrotoxicos no Brasil e no terceiro mundo|capítulo= Pragas e venenos; agrotóxicos no Brasil e no terceiro mundo|acessodata= 2017-06-19|data= 1986|capítulourl= http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=REPIDISCA&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=117446&indexSearch=ID}} |
||
* {{ |
* {{citar livro|publicado= Nobel|último1 = Salama|primeiro1 = Pierre|último2 = Valier|primeiro2 = Jacques|título= Pobrezas e desigualdades no terceiro mundo|acessodata= 2017-06-19|data= 1994| url = http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=200943&indexSearch=ID}} |
||
* {{ |
* {{citar periódico|último = Storper|primeiro = Michael|título= A industrialização e a questão regional no Terceiro Mundo|periódico= VALLADARES, Lícia, PRETECEILLE, Edmond (Coords.). Reestruturação Urbana: Tendências e Desafios. São Paulo: Nobel|data= 1990}} |
||
* {{ |
* {{citar livro|publicado= Ática|último = Lacoste|primeiro = Yves|título= Contra os antiterceiro-mundistas e contra certos terceiro-mundistas|data= 1991}} |
||
{{refend}} |
{{refend}} |
||
{{esboço-geografia}} |
|||
{{Classificação econômica dos países}} |
{{Classificação econômica dos países}} |
||
{{ |
{{Sul-Sul}} |
||
{{Portal3|Relações internacionais|Geografia|Economia}} |
|||
{{Controle de autoridade}} |
|||
[[Categoria:Classificação dos países]] |
[[Categoria:Classificação dos países]] |
Edição atual tal como às 23h28min de 16 de maio de 2024
Terceiro Mundo é um termo da Teoria dos Mundos, originado na Guerra Fria, para descrever os países que se posicionaram como neutros na Guerra Fria, não se aliando nem aos Estados Unidos e os países que defendiam o capitalismo, e nem à União Soviética e os países que defendiam o socialismo.
Histórico
[editar | editar código-fonte]O termo ''Terceiro mundo'' era a idealização do movimento e ''Terceiro-mundismo'' trata-se da prática, a primeira expressão de tal termo deu-se durante a reunião de países asiáticos e africanos que se emanciparam da colonização europeia, em abril de 1955, na Conferência de Bandung, na Indonésia. É a partir dessa denominação que esses países, considerados pobres e com sérios problemas sociais como a violência, a miséria extrema e a corrupção, buscaram chamar a atenção do mundo inteiro. Porém, englobava muitos países, assim havia divergência de interesses. As divergências internas impediam a tomada de posições mais nítidas e começou a ser articulado o Movimento dos Países Não-Alinhados. A conferencia de fundação desse movimento se realizou em Belgrado (Conferencia de Belgrado-1960). No entanto, muitos desses países acabaram depois cobiçados por forças políticas e sociais ligadas a cada uma das duas facções da Guerra Fria, a capitalista e a comunista, mas apesar disso os países de terceiro mundo produtores de petróleo passaram a financiar a dívida de países desenvolvidos tal qual Estados Unidos.[1]
A articulação do terceiro-mundismo sofreu os primeiros golpes com a aproximação entre a China e os Estados Unidos, a partir de 1972, e com a crise do pan-arabismo, alguns anos depois. Na década de 1980, o fim das crises do petróleo que abalaram o Primeiro Mundo esvaziaram as políticas de desenvolvimento autônomo de nacionalização do petróleo,[2] contribuindo para enfraquecer ainda mais o Movimento dos Países Não-Alinhados o que fez que investidores estrangeiros conseguissem facilidades nesses países o que também gerou crise nas dívidas durante a década de 90[3] e com isso o FMI recomendou aos países pobres produtores de petróleo que baixassem o preço da mercadoria.[4]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Santos, Milton M. Santos; others (1996). O trabalho do geógrafo no Terceiro Mundo. [S.l.: s.n.] Consultado em 19 de junho de 2017
- Santos, Milton (2008). «O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos». Milton Santos. 4. [S.l.]: Editora da Universidade de São Paulo. Consultado em 19 de junho de 2017
- Fonseca, Marília (1998). «O Banco Mundial como referência para a justiça social no terceiro mundo: evidências do caso brasileiro». Revista da Faculdade de Educação. 24 (1): 37–69. Consultado em 19 de junho de 2017
- Bull, David; Hathaway, David (1986). «Pragas e venenos; agrotóxicos no Brasil e no terceiro mundo». Pragas e venenos; agrotoxicos no Brasil e no terceiro mundo. [S.l.]: Vozes. Consultado em 19 de junho de 2017
- Salama, Pierre; Valier, Jacques (1994). Pobrezas e desigualdades no terceiro mundo. [S.l.]: Nobel. Consultado em 19 de junho de 2017
- Storper, Michael (1990). «A industrialização e a questão regional no Terceiro Mundo». VALLADARES, Lícia, PRETECEILLE, Edmond (Coords.). Reestruturação Urbana: Tendências e Desafios. São Paulo: Nobel
- Lacoste, Yves (1991). Contra os antiterceiro-mundistas e contra certos terceiro-mundistas. [S.l.]: Ática
- ↑ Holly Sklar, ed., Trilateralism: The Trilateral Commission and Elite Planning for World Management. South End Press: 1980: page 65
- ↑ V.H. Oppenheim, Why Oil Prices Go Up (1) The Past: We Pushed Them. Foreign Policy: No. 25, Winter, 1976-1977: pages 50-51
- ↑ Robert O’Brien and Marc Williams, Global Political Economy: Evolution and Dynamics, 2nd ed. Palgrave Macmillan: 2007: page 224-225
- ↑ F. William Engdahl, A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order. London: Pluto Press, 2004: pages 130-132