Saltar para o conteúdo

Diego Velázquez: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de 2804:14D:7E82:1E0:646C:FFED:1969:9BD7 para a última revisão de 177.55.189.222, de 19h01min de 9 de julho de 2018 (UTC)
Etiqueta: Reversão
Hiperligação de "Ribeira" para o pintor José de Ribeira, e não uma paisagem
(Há 42 revisões intermédias de 34 utilizadores que não estão a ser apresentadas)
Linha 1: Linha 1:
{{Ver desambig|redir=Velázquez||Velázquez (desambiguação)}}
{{ver desambig|o ator|Diego Velazquez (ator)}}
{{Info/Biografia
{{Info/Biografia
| bgcolour = red
| bgcolour = red
| nome = Diego Velázquez
| nome = Diego Velázquez
| imagem = Diego Velázquez Autorretrato 45 x 38 cm - Colección Real Academia de Bellas Artes de San Carlos - Museo de Bellas Artes de Valencia.jpg
| imagem = Diego Velázquez Autorretrato 45 x 38 cm - Colección Real Academia de Bellas Artes de San Carlos - Museo de Bellas Artes de Valencia.jpg
| imagem_tamanho = 260px
| imagem_tamanho = 250px
| legenda = ''Autorretrato'', de cerca de 1640
| legenda = ''Autorretrato'', de cerca de 1640
| data_nascimento = {{dni|6|6|1599|si|lang=br}}<ref name="ReferenceA">La Historia del Arte, Blume,ISBN 978-84-8076-765-1</ref><ref name="nationalgallery.org.uk">{{citar web |url=http://www.nationalgallery.org.uk/artists/diego-velazquez |título=Diego Velázquez |acessodata=5 de agosto de 2012 |data= |publicado=The National Gallery |língua=en }}</ref><ref name="pitoresco.com.br">{{citar web |url=http://www.pitoresco.com.br/universal/velazquez/velazquez.htm |título=Diego Rodrigues da Silva y Velázquez |acessodata=5 de agosto de 2012 |data= |publicado=Encyclopædia Britannica do Brasil }}</ref><ref name="staff.esuhsd.org">staff.esuhsd.org/balochie/studentprojects/velazquez/index.html</ref><ref name="ReferenceB">Guía de sala VELÁZQUEZ, Francisco Calvo Serraller</ref>
| nascimento_data = {{dni|6|6|1599|si|lang=br|sem idade}}<ref name="ReferenceA">La Historia del Arte, Blume,ISBN 978-84-8076-765-1</ref><ref name="nationalgallery.org.uk">{{citar web |url=http://www.nationalgallery.org.uk/artists/diego-velazquez |título=Diego Velázquez |acessodata=5 de agosto de 2012 |data= |publicado=The National Gallery |língua=en }}</ref><ref name="pitoresco.com.br">{{citar web |url=http://www.pitoresco.com.br/universal/velazquez/velazquez.htm |título=Diego Rodrigues da Silva y Velázquez |acessodata=5 de agosto de 2012 |data= |publicado=Encyclopædia Britannica do Brasil |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120625172052/http://www.pitoresco.com.br/universal/velazquez/velazquez.htm |arquivodata=2012-06-25 |urlmorta=yes }}</ref><ref name="staff.esuhsd.org">staff.esuhsd.org/balochie/studentprojects/velazquez/index.html</ref><ref name="ReferenceB">Guía de sala VELÁZQUEZ, Francisco Calvo Serraller</ref>
| local_nascimento = [[Sevilha]], [[Espanha]]<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="staff.esuhsd.org"/><ref name="ReferenceB"/>
| nascimento_local = [[Sevilha]], [[Espanha]]<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="staff.esuhsd.org"/><ref name="ReferenceB"/>
| data_morte = {{nowrap|{{morte|6|8|1660|6|6|1599|lang=ptbr}}}}<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="staff.esuhsd.org"/><ref name="ReferenceB"/>
| morte_data = {{nowrap|{{morte|6|8|1660|6|6|1599|lang=ptbr}}}}<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="staff.esuhsd.org"/><ref name="ReferenceB"/>
| local_morte = [[Madrid]], [[Espanha]]<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceB"/>
| morte_local = [[Madrid]], [[Espanha]]<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceB"/>
| nacionalidade = [[Espanha|espanhol]]<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/>
| nacionalidade = [[Espanha|espanhol]]<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/>
| ocupação = [[Pintura|pintor]]<ref name="pitoresco.com.br"/>
| ocupação = [[Pintura|pintor]]<ref name="pitoresco.com.br"/>
| escola = jorginho
| escola =
| movimento_estético =
| movimento_estético =
| principais_trabalhos = ''[[Las Meninas]]'' (1656),<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceB"/><br /> ''La Venus del espejo'' (1644-1648)<br /> La Rendición de Breda (1634-1635)
| principais_trabalhos = ''[[Las Meninas]]'' (1656),<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceB"/><br /> ''La Venus del espejo'' (1644-1648)<br /> La Rendición de Breda (1634-1635)
| assinatura =
| assinatura =
}}
}}
'''Diego Rodríguez de Silva y Velázquez''' ([[Sevilha]], [[6 de junho]] de [[1599]] — [[Madrid]], [[6 de agosto]] de [[1660]]<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="staff.esuhsd.org"/><ref name="ReferenceB"/><ref name="algosobre.com.br">{{citar web |url=http://www.algosobre.com.br/biografias/diego-velazquez.html |título=Diego Velázquez |acessodata=5 da agosto de 2012 |data= |obra=R7 |publicado=Algo Sobre }}</ref>) foi um pintor [[Espanha|espanhol]] e principal artista da corte do rei [[Filipe IV de Espanha]]. Era um artista individualista do período [[barroco]] contemporâneo, importante como um [[Retrato pictórico|retratista]].<ref name="UOL - Educação"/> Além de inúmeras interpretações de cenas de significado histórico e cultural, pintou inúmeros retratos da família real espanhola, outras notáveis figuras europeias e plebeus, culminando na produção de sua obra-prima, ''[[Las Meninas]]'' (1656).<ref name="pitoresco.com.br"/>
'''Diego Rodríguez de Silva y Velázquez''' ([[Sevilha]], [[6 de junho]] de [[1599]] — [[Madrid]], [[6 de agosto]] de [[1660]]<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="staff.esuhsd.org"/><ref name="ReferenceB"/><ref name="algosobre.com.br">{{citar web |url=http://www.algosobre.com.br/biografias/diego-velazquez.html |título=Diego Velázquez |acessodata=5 de agosto de 2012 |data= |obra=R7 |publicado=Algo Sobre }}</ref>) foi um pintor [[Espanha|espanhol]] e principal artista da corte do rei [[Filipe IV de Espanha]]. Era um artista individualista do período [[barroco]] contemporâneo, importante como um [[Retrato pictórico|retratista]].<ref name="UOL - Educação"/> Além de inúmeras interpretações de cenas de significado histórico e cultural, pintou inúmeros retratos da família real espanhola, outras notáveis figuras europeias e plebeus, culminando na produção de sua obra-prima, ''[[Las Meninas]]'' (1656).<ref name="pitoresco.com.br"/>


Desde o primeiro quarto do século XIX, a obra de Velázquez foi um modelo para os pintores [[Realismo|realistas]] e [[impressionismo|impressionistas]], em especial [[Édouard Manet]]<ref name="ReferenceB"/> que chegou a afirmar que Velázquez era o "pintor dos pintores".<ref name="ReferenceB"/> Desde essa época, os artistas mais modernos, incluindo os espanhóis [[Pablo Picasso]]<ref name="ReferenceA"/> e [[Salvador Dalí]], bem como o pintor anglo-irlandês [[Francis Bacon (artista)|Francis Bacon]],<ref name="ReferenceA"/> que homenageou Velázquez recriando várias de suas obras mais famosas.<ref name="UOL - Educação"/>
Desde o primeiro quarto do século XIX, a obra de Velázquez foi um modelo para os pintores [[Realismo|realistas]] e [[impressionismo|impressionistas]], em especial [[Édouard Manet]]<ref name="ReferenceB"/> que chegou a afirmar que Velázquez era o "pintor dos pintores".<ref name="ReferenceB"/> Desde essa época, os artistas mais modernos, incluindo os espanhóis [[Pablo Picasso]]<ref name="ReferenceA"/> e [[Salvador Dalí]], bem como o pintor anglo-irlandês [[Francis Bacon (artista)|Francis Bacon]],<ref name="ReferenceA"/> que homenageou Velázquez recriando várias de suas obras mais famosas.<ref name="UOL - Educação"/>


A grande maioria dos seus quadros estão no [[Museu do Prado]].
A grande maioria dos seus quadros estão no [[Museu do Prado]].

Possui ascendência [[Judeus em Portugal|judaica-portuguesa]] pelo lado dos seus avós paternos.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=HaGytoSF6uAC&pg=PA98&lpg=PA98&dq=&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=Portugal in European and World History|ultimo=Newitt|primeiro=Malyn|data=2009-12-01|editora=Reaktion Books|lingua=en|isbn=9781861897015}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Studies Western Art No.4|url=http://www.sangensha.co.jp/allbooks/index/070E.htm|obra=www.sangensha.co.jp|acessodata=2019-08-18}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Secret History. The Family Background the Painter was at Pains to Hide in His Application for Entry into The Military Order of Santiago.@es{{!}}{{!}}{{!}}Secret History. The Family Background the Painter was at Pains to Hide in His Application for Entry into The Military Order of Santiago.@en{{!}}{{!}}{{!}}|url=https://www.museodelprado.es/aprende/boletin/secret-history-the-family-background-the-painter/4601ec06-a4a6-4cb0-8610-cfc7f0ba11aa|obra=Museo Nacional del Prado|acessodata=2019-08-18|lingua=es}}</ref>

== Biografia ==
== Biografia ==
=== Família e infância ===
=== Família e infância ===
[[Ficheiro:Diego Rodríguez de Silva y Velázquez.jpg|right|thumb|Diego Velázquez foi um artista tecnicamente formidável, e na opinião de muitos críticos de [[arte]], insuperável pintor de [[retrato]]s.]]
[[Imagem:Diego Rodríguez de Silva y Velázquez.jpg|direita|thumb|Diego Velázquez foi um artista tecnicamente formidável, e na opinião de muitos críticos de [[arte]], insuperável pintor de [[retrato]]s.]]
[[Ficheiro:Cristo crucificado.jpg|thumb|right|A [[Crucifixão de Jesus|crucificação de Jesus Cristo]], c.1632<br><small>[[Museu do Prado]]</small>]]
[[Imagem:Cristo crucificado.jpg|thumb|direita|A [[Crucifixão de Jesus|crucificação de Jesus Cristo]], c.1632<br><small>[[Museu do Prado]]</small>]]
[[Ficheiro:Innocent-x-velazquez.jpg|thumb|[[Papa Inocêncio X]], 1650<br><small>[[Galeria Doria Pamphilj]]</small>]]
[[Imagem:Retrato del Papa Inocencio X. Roma, by Diego Velázquez.jpg|thumb|[[Papa Inocêncio X]], 1650<br><small>[[Galeria Doria Pamphilj]]</small>]]
Filho de um [[Direito|advogado]] de [[nobreza|nobre]] ascendência [[Portugal|portuguesa]] os seus avós paternos eram do [[Porto]], João Rodrigues da Silva,<ref name="pitoresco.com.br"/> Velázquez levou o prenome do avô paterno que, em 1581, deixou Portugal (era originário do Porto) para instalar-se com sua esposa em Sevilha, onde Diego nasceu a 6 de Junho de 1599<ref name="ReferenceA"/><ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/><ref name="ReferenceC">http://staff.esuhsd.org/balochie/studentprojects/velazquez/index.html (em inglês)</ref> e batizou-se.<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceC"/> Provavelmente nasceu no dia anterior ao do seu batismo, ou seja, 5 de Junho de 1599<ref name=Bardi1>[[#Bardi|Bardi]], ''Documentación sobre el hombre y el artista'', p. 83.</ref> Sua mãe era de origem sevilhana. Ele era o mais velho de oito irmãos.<ref>''[[#Corpus|Corpus velazqueño]]'', p. 40; el 7 de noviembre de 1621 recibió el bautizo Francisca, la octava hermana de Velázquez, cuando este ya había sido padre de dos niñas.</ref> A sua família pertencia à pequena fidalguia da cidade.<ref name=Justi1>[[#Justi|Justi]], op. cit., pp. 107-114.</ref><ref name=JG1>[[#Gallego|Gállego]], op. cit., p. 15.</ref> Foi um artista tecnicamente formidável, e na opinião de muitos críticos de [[arte]], insuperável pintor de [[retrato]]s.<ref name="pitoresco.com.br"/>
Filho de um [[Direito|advogado]] nobre, João Rodrigues da Silva, nascido no Porto em 1574, Velázquez levou o prenome do avô paterno que, em 1581, deixou Portugal (era originário do Porto) para instalar-se com sua esposa (Maria Rodrigues) e seu jovem filho, em Sevilha, onde Diego nasceu a 6 de Junho de 1599<ref name="ReferenceA"/><ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/> e batizou-se.<ref name="pitoresco.com.br"/> Provavelmente nasceu no dia anterior ao do seu batismo, ou seja, 5 de Junho de 1599<ref name=Bardi1>[[#Bardi|Bardi]], ''Documentación sobre el hombre y el artista'', p. 83.</ref> Sua mãe era de origem sevilhana. Ele era o mais velho de oito irmãos.<ref>''[[#Corpus|Corpus velazqueño]]'', p. 40; el 7 de noviembre de 1621 recibió el bautizo Francisca, la octava hermana de Velázquez, cuando este ya había sido padre de dos niñas.</ref><ref name=Justi1>[[#Justi|Justi]], op. cit., pp. 107-114.</ref><ref name=JG1>[[#Gallego|Gállego]], op. cit., p. 15.</ref><ref name="pitoresco.com.br"/>


=== Juventude e estudos ===
=== Juventude e estudos ===
Em 1609, sua família percebeu sua vocação e, ainda jovem, Velázquez foi levado para estudar com [[Francisco Herrera]], o Velho,<ref name="ReferenceB"/> prestigioso pintor sevilhano naturalista apaixonado pela arte de [[Caravaggio]].<ref name="ReferenceC"/> Em dezembro do mesmo ano, entrou como aprendiz no estúdio de [[Francisco Pacheco del Río]]<ref name="ReferenceA"/><ref name="ReferenceB"/><ref name="ReferenceC"/> e, em 1611, o pai assinou, em seu nome, um contrato de aprendizado por seis anos (que acabou em 1617) com Pacheco,<ref name="nationalgallery.org.uk"/> após o que seria submetido a exame, constituído por uma prova teórica e uma prova prática de pintura a óleo. Em Sevilha, a comunidade artística era regida por uma espécie de confraria. A corporação de São Lucas era controlada por Pacheco e Juan de Uceda. Depois de passar pelos exames,<ref name="ReferenceB"/><ref name="ReferenceC"/> Velázquez precisava jurar fidelidade aos estatutos da organização. Só então teria o direito de praticar a arte.<ref name="UOL - Educação">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/diego-velazquez.jhtm |título=Diego Velázquez - Biografia |acessodata=5 de agosto de 2012 |data= |publicado=UOL - Educação }}</ref>
Em 1609, sua família percebeu sua vocação e, ainda jovem, Velázquez foi levado para estudar com [[Francisco Herrera]], o Velho,<ref name="ReferenceB"/> prestigioso pintor sevilhano naturalista apaixonado pela arte de [[Caravaggio]]. Em dezembro do mesmo ano, entrou como aprendiz no estúdio de [[Francisco Pacheco del Río]]<ref name="ReferenceA"/><ref name="ReferenceB"/> e, em 1611, o pai assinou, em seu nome, um contrato de aprendizado por seis anos (que acabou em 1617) com Pacheco,<ref name="nationalgallery.org.uk"/> após o que seria submetido a exame, constituído por uma prova teórica e uma prova prática de pintura a óleo. Em Sevilha, a comunidade artística era regida por uma espécie de confraria. A corporação de São Lucas era controlada por Pacheco e Juan de Uceda. Depois de passar pelos exames,<ref name="ReferenceB"/> Velázquez precisava jurar fidelidade aos estatutos da organização. Só então teria o direito de praticar a arte.<ref name="UOL - Educação">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/diego-velazquez.jhtm |título=Diego Velázquez - Biografia |acessodata=5 de agosto de 2012 |data= |publicado=UOL - Educação }}</ref>


No ano de 1617 cria a sua própria oficina de trabalho em Sevilha.<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/>
No ano de 1617 criou a sua própria oficina de trabalho em Sevilha.<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/>


=== Primeiros trabalhos ===
=== Primeiros trabalhos ===
Linha 39: Linha 42:
Como um pintor de retratos inspirado no tenebrismo buscava mostrar os detalhes de cada modelo. Sendo que seu diferencial era não prender-se apenas ao cômico ou ao grotesco dos personagens, retratando todos respeitosamente e destacando a individualidade de cada um.
Como um pintor de retratos inspirado no tenebrismo buscava mostrar os detalhes de cada modelo. Sendo que seu diferencial era não prender-se apenas ao cômico ou ao grotesco dos personagens, retratando todos respeitosamente e destacando a individualidade de cada um.


Casou com a filha do seu professor Francisco Pacheco, Juana Pacheco em 1618,<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/><ref name="ReferenceC"/> no mesmo ano nasce a sua primeira filha, Francisca, em Sevilha,<ref name="ReferenceB"/> com quem, em 1621, tinha duas filhas,<ref name="nationalgallery.org.uk"/> Francisca e , logo Velázquez iria se unir a Diego de Melgar, com quem foi para [[Madrid]] e mais tarde casar-se com o pintor Martínez del Mazo.<ref name="ReferenceB"/> A personalidade do seu mestre, Pacheco, tido como pintor medíocre, mas teórico interessante, forneceu uma sólida formação técnica a Velázquez e acesso a um meio que revelou-se valioso para a sua profissão. Pacheco encarregou Velázquez, em sua primeira viagem a [[Madrid]], de encontrar [[Luís de Góngora]],<ref name="ReferenceC"/> o poeta, e de fazer seu retrato. Durante a viagem, na companhia do poeta Francisco de Rioja,<ref name="ReferenceC"/> seu discípulo e servo<ref name="ReferenceC"/> - membro da academia sevilhana de Pacheco, foi apresentado a Gaspar de Guzmán conde-duque de [[Olivares]], também sevilhano. A partir daí, Velázquez tem acesso às coleções reais.
Casou com a filha do seu professor Francisco Pacheco, Juana Pacheco em 1618,<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/> no mesmo ano nasce a sua primeira filha, Francisca, em Sevilha,<ref name="ReferenceB"/> logo Velázquez iria se unir a Diego de Melgar, com quem foi para [[Madrid]] e mais tarde casar-se com o pintor Martínez del Mazo.<ref name="ReferenceB"/> A personalidade do seu mestre, Pacheco, tido como pintor medíocre, mas teórico interessante, forneceu uma sólida formação técnica a Velázquez e acesso a um meio que revelou-se valioso para a sua profissão. Pacheco encarregou Velázquez, em sua primeira viagem a [[Madrid]], de encontrar [[Luís de Góngora]], o poeta, e de fazer seu retrato. Durante a viagem, na companhia do poeta Francisco de Rioja, seu discípulo e servo - membro da academia sevilhana de Pacheco, foi apresentado a Gaspar de Guzmán conde-duque de [[Olivares]], também sevilhano. A partir daí, Velázquez tem acesso às coleções reais.


=== Família real ===
=== Família real ===
Em 1622, faz a sua primeira viagem para Madri.<ref name="ReferenceB"/> Em 1623 faz a sua segunda viagem com o propósito de retratar [[Filipe IV de Espanha|Felipe IV]].<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceB"/><ref name="algosobre.com.br"/><ref name="ReferenceC"/> Em 1623, um ano depois da morte de Rodrigo de Villandrano, um dos cinco pintores do rei, Felipe IV nomeia-o pintor oficial da corte<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/> por intermédio do ministro real, o conde Olivares, que se torna seu protetor.<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="algosobre.com.br"/>
Em 1622, faz a sua primeira viagem para Madri.<ref name="ReferenceB"/> Em 1623 faz a sua segunda viagem com o propósito de retratar [[Filipe IV de Espanha|Felipe IV]].<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceB"/><ref name="algosobre.com.br"/> Em 1623, um ano depois da morte de Rodrigo de Villandrano, um dos cinco pintores do rei, Felipe IV nomeia-o pintor oficial da corte<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="ReferenceB"/> por intermédio do ministro real, o conde Olivares, que se torna seu protetor.<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="algosobre.com.br"/>


O resultado foi um retrato equestre do rei, o qual ficou maravilhado e concedeu na mesma hora a Velázquez o posto de pintor de câmara da corte real.<ref name="nationalgallery.org.uk"/> Pena que o paradeiro desta obra seja desconhecido.<ref name="pitoresco.com.br"/>
O resultado foi um retrato equestre do rei, o qual ficou maravilhado e concedeu na mesma hora a Velázquez o posto de pintor de câmara da corte real.<ref name="nationalgallery.org.uk"/> Pena que o paradeiro desta obra seja desconhecido.<ref name="pitoresco.com.br"/>


Seu ingresso na corte foi o primeiro passo para cumprir seus objetivos dentro da pintura e de sua vida social. Tinha um recurso único que era a permissão de poder visitar sempre que quisesse o acervo real de obras-primas. No período de ([[1628]]-[[1629]]) conheceu o grande mestre do [[barroco]] [[Peter Paul Rubens]],<ref name="ReferenceA"/> que também era membro da corte. Conhecer Rubens motivou Velázquez a pintar cenas mitológicas<ref name="ReferenceC"/>
Seu ingresso na corte foi o primeiro passo para cumprir seus objetivos dentro da pintura e de sua vida social. Tinha um recurso único que era a permissão de poder visitar sempre que quisesse o acervo real de obras-primas. No período de ([[1628]]-[[1629]]) conheceu o grande mestre do [[barroco]] [[Peter Paul Rubens]],<ref name="ReferenceA"/> que também era membro da corte. Conhecer Rubens motivou Velázquez a pintar cenas mitológicas


=== Primeira viagem à Itália ===
=== Primeira viagem à Itália ===
Foi pela primeira vez à [[Península Itálica|Itália]] em 1629,<ref name="ReferenceA"/><ref name="ReferenceB"/> onde permaneceu um ano e meio e visitou os mais importantes centros culturais da Itália,<ref name="pitoresco.com.br"/> descobriu o colorido da escola veneziana<ref name="pitoresco.com.br"/> e copiou e estudou, entre outros, Ticiano,<ref name="ReferenceA"/> Tintoretto e Veronese, foi a Nápoles encontrar-se com [[Ribera]].<ref name="pitoresco.com.br"/> A viagem intensificou o realismo de Velázquez,<ref name="pitoresco.com.br"/> como demonstram duas de suas mais importantes composições, "A forja de Vulcano" (1630)<ref name="pitoresco.com.br"/> e "A túnica ensanguentada de José levada a Jacó" (1630).<ref name="pitoresco.com.br"/> Por sua composição, ambas as telas revelam a influência de El Greco,<ref name="pitoresco.com.br"/> pelo qual Velázquez nutria intensa admiração.<ref name="pitoresco.com.br"/> Entre a produção dessa época destaca-se também "Crucifixão" (cerca de 1630);<ref name="pitoresco.com.br"/> tipicamente espanhola, trata-se de uma composição sombria, que nada deve às representações italianas, e cujo realismo ultrapassa todas as convenções.<ref name="pitoresco.com.br"/>
Foi pela primeira vez à [[Península Itálica|Itália]] em 1629,<ref name="ReferenceA"/><ref name="ReferenceB"/> onde permaneceu um ano e meio e visitou os mais importantes centros culturais da Itália,<ref name="pitoresco.com.br"/> descobriu o colorido da escola veneziana<ref name="pitoresco.com.br"/> e copiou e estudou, entre outros, Ticiano,<ref name="ReferenceA"/> Tintoretto e Veronese, foi a Nápoles encontrar-se com [[José de Ribera|Ribera]].<ref name="pitoresco.com.br"/> A viagem intensificou o realismo de Velázquez,<ref name="pitoresco.com.br"/> como demonstram duas de suas mais importantes composições, "A forja de Vulcano" (1630)<ref name="pitoresco.com.br"/> e "A túnica ensanguentada de José levada a Jacó" (1630).<ref name="pitoresco.com.br"/> Por sua composição, ambas as telas revelam a influência de El Greco,<ref name="pitoresco.com.br"/> pelo qual Velázquez nutria intensa admiração.<ref name="pitoresco.com.br"/> Entre a produção dessa época destaca-se também "Crucifixão" (cerca de 1630);<ref name="pitoresco.com.br"/> tipicamente espanhola, trata-se de uma composição sombria, que nada deve às representações italianas, e cujo realismo ultrapassa todas as convenções.<ref name="pitoresco.com.br"/>


=== Período entre as viagens ===
=== Período entre as viagens ===
Linha 56: Linha 59:
Ao voltar de viagem, executou trabalhos religiosos e profanos, assim como retratos equestres do rei e do infante. Sucederam-se as obras-primas como [[Cavalo Branco]], os retratos de bobos da corte e as efígies de Esopo e de Menippe.
Ao voltar de viagem, executou trabalhos religiosos e profanos, assim como retratos equestres do rei e do infante. Sucederam-se as obras-primas como [[Cavalo Branco]], os retratos de bobos da corte e as efígies de Esopo e de Menippe.


Em 1643, Velázquez foi levado para um cargo administrativo,<ref name="nationalgallery.org.uk"/> devido à queda do conde-duque de Olivares. Isso criou um ponto alto na sua obra.<ref name="ReferenceC"/>
Em 1643, Velázquez foi levado para um cargo administrativo,<ref name="nationalgallery.org.uk"/> devido à queda do conde-duque de Olivares. Isso criou um ponto alto na sua obra.


Em 1647 ele foi encarregado de um projeto para modernizar o palácio de Alcázar de idade.<ref name="nationalgallery.org.uk"/>
Em 1647 ele foi encarregado de um projeto para modernizar o palácio de Alcázar de idade.<ref name="nationalgallery.org.uk"/>


=== Segunda viagem à Itália ===
=== Segunda viagem à Itália ===
Em 1649, Velázquez fez uma segunda viagem à Itália<ref name="ReferenceA"/><ref name="ReferenceB"/> para comprar pinturas de Ticiano, Tintoretto e Paolo Veronese e esculturas<ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="ReferenceC"/> e manter-se a par da evolução da arte italiana.<ref name="nationalgallery.org.uk"/> Lá em Roma, ele pintou três quadros,<ref name="pitoresco.com.br"/> incluindo um do [[Papa Inocêncio X]]<ref name="ReferenceA"/>(pintura de 1650<ref name="ReferenceA"/>)<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="pitoresco.com.br"/> notável pela sua severidade<ref name="pitoresco.com.br"/> e que tornou-se mais tarde uma obsessão na obra de [[Francis Bacon]].<ref name="ReferenceA"/> Ele também teve um caso, resultando em um filho ilegítimo que atrasou consideravelmente seu retorno à Espanha<ref name="nationalgallery.org.uk"/> - para grande desgosto do rei. Enquanto isso, ele também pintou o famoso quadro [[Vênus do espelho]] para um nobre espanhol importante, o Marquês de Eliche.<ref name="nationalgallery.org.uk"/>
Em 1649, Velázquez fez uma segunda viagem à Itália<ref name="ReferenceA"/><ref name="ReferenceB"/> para comprar pinturas de Ticiano, Tintoretto e Paolo Veronese e esculturas<ref name="pitoresco.com.br"/> e manter-se a par da evolução da arte italiana.<ref name="nationalgallery.org.uk"/> Lá em Roma, ele pintou três quadros,<ref name="pitoresco.com.br"/> incluindo um do [[Papa Inocêncio X]]<ref name="ReferenceA"/> (pintura de 1650<ref name="ReferenceA"/>)<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref name="pitoresco.com.br"/> notável pela sua severidade<ref name="pitoresco.com.br"/> e que tornou-se mais tarde uma obsessão na obra de [[Francis Bacon]].<ref name="ReferenceA"/> Ele também teve um caso, resultando em um filho ilegítimo que atrasou consideravelmente seu retorno à Espanha<ref name="nationalgallery.org.uk"/> - para grande desgosto do rei. Enquanto isso, ele também pintou o famoso quadro [[Vênus do espelho]] para um nobre espanhol importante, o Marquês de Eliche.<ref name="nationalgallery.org.uk"/> Em 1650, tornou-se membro da Escola de Arte Romana.<ref name="ReferenceA"/> Na Itália, foi nomeado membro das academias romanas de São Lucas<ref name="ReferenceB"/> e d'os Virtuosos do Panteão.<ref name="ReferenceB"/>
Em 1650, tornou-se membro da Escola de Arte Romana.<ref name="ReferenceA"/>
Na Itália, foi nomeado membro das academias romanas de São Lucas<ref name="ReferenceB"/> e d'os Virtuosos do Panteão.<ref name="ReferenceB"/>


=== Retorno a Madrid e idade de ouro ===
=== Retorno a Madrid e idade de ouro ===
De volta a Madrid em 1651, foi encarregado da decoração de todos os palácios reais, mas prosseguiu com seus trabalhos de pintura, embora em ritmo menos acelerado. São dessa época os retratos da rainha [[D. Mariana]] (1652-1653) e da infanta [[D. Maria Teresa]] (1652-1653), que mais tarde se tornaria rainha da França. Por volta de 1655, pintou o primeiro quadro na história da arte dedicado ao trabalho, "As fiandeiras" , que teve suas proporções definidas com base na observação de Velázquez das composições do teto da [[capela Sistina]].<ref name="pitoresco.com.br"/>
De volta a Madrid em 1651, foi encarregado da decoração de todos os palácios reais, mas prosseguiu com seus trabalhos de pintura, embora em ritmo menos acelerado. São dessa época os retratos da rainha [[D. Mariana]] (1652-1653) e da infanta [[D. Maria Teresa]] (1652-1653), que mais tarde se tornaria rainha da França. Por volta de 1655, pintou o primeiro quadro na história da arte dedicado ao trabalho, "As fiandeiras" , que teve suas proporções definidas com base na observação de Velázquez das composições do teto da [[capela Sistina]].<ref name="pitoresco.com.br"/>


Em 1656, pintou ''[[As Meninas (Velázquez)|Las Meninas]]'',<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="museodelprado.es">http://www.museodelprado.es/en/the-collection/online-gallery/on-line-gallery/obra/the-family-of-felipe-iv-or-las-meninas/ (em inglês)</ref> composição de extrema complexidade que culmina a série dos quadros da corte. É a síntese de seu realismo e de seu idealismo, tanto no sentido das proporções ideais como no do espírito aristocrático. A composição contrasta o grupo circular das figuras em cena e as linhas verticais que tendem para cima.<ref name="UOL - Educação"/> Igual contraste se nota entre os fundos escuros e a luz que envolve as figuras. A infanta Margarida Maria é o centro ideal da composição e em torno dela giram as outras figuras, inclusive o próprio Velázquez, autorretratado. A cena parece inesperada e espontânea, a infanta e suas damas de honra o veem pintar o rei e a rainha, vistos apenas refletidos num espelho ao fundo—apesar da hierarquia calculada do conjunto, com o artista em discreto segundo plano.<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="museodelprado.es"/>
Em 1656, pintou ''[[As Meninas (Velázquez)|Las Meninas]]'',<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="museodelprado.es">{{Citar web |url=https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/las-meninas/9fdc7800-9ade-48b0-ab8b-edee94ea877f |titulo=Las Meninas - The Collection - Museo Nacional del Prado |acessodata=2021-06-05 |website=www.museodelprado.es}}</ref> composição de extrema complexidade que culmina a série dos quadros da corte. É a síntese de seu realismo e de seu idealismo, tanto no sentido das proporções ideais como no do espírito aristocrático. A composição contrasta o grupo circular das figuras em cena e as linhas verticais que tendem para cima.<ref name="UOL - Educação"/> Igual contraste se nota entre os fundos escuros e a luz que envolve as figuras. A infanta Margarida Maria é o centro ideal da composição e em torno dela giram as outras figuras, inclusive o próprio Velázquez, autorretratado. A cena parece inesperada e espontânea, a infanta e suas damas de honra o veem pintar o rei e a rainha, vistos apenas refletidos num espelho ao fundo—apesar da hierarquia calculada do conjunto, com o artista em discreto segundo plano.<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/><ref name="museodelprado.es"/> Em 1659 Velázquez adquire o título de Cavaleiro da [[Ordem de Santiago]].<ref name="ReferenceA"/>
Em 1659 Velázquez adquire o título de Cavaleiro da [[Ordem de Santiago]].<ref name="ReferenceA"/>


== Últimos trabalhos e morte ==
== Últimos trabalhos e morte ==
[[Ficheiro:Diego Velázquez 026.jpg|thumb|right|Infanta [[Margarida Teresa de Habsburgo|Margarida da Áustria]], 1665<br><small>[[Juan Bautista Martínez del Mazo]]<br>antigamente atribuída a Velazquez<br>[[Museu do Prado]]</small>]]
[[Imagem:Diego Velázquez 026.jpg|thumb|direita|Infanta [[Margarida Teresa de Habsburgo|Margarida da Áustria]], 1665<br><small>[[Juan Bautista Martínez del Mazo]]<br>antigamente atribuída a Velazquez<br>[[Museu do Prado]]</small>]]
Em 1660, Velazquez tinha o encargo da sua última e maior cerimónia - o casamento da infanta D. Maria Teresa de Luís XIV de França. Este foi um dos trabalhos mais elaborados. Desgastado por esses trabalhos, Velazquez contraiu uma febre que lhe fez morrer a 6 de agosto<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref>http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/velazquez/ (em inglês)</ref> em Madrid.<ref name="ReferenceA"/>
Em 1660, Velazquez tinha o encargo da sua última e maior cerimónia - o casamento da infanta D. Maria Teresa de Luís XIV de França. Este foi um dos trabalhos mais elaborados. Desgastado por esses trabalhos, Velazquez contraiu uma febre que o fez morrer a 6 de agosto<ref name="nationalgallery.org.uk"/><ref>{{Citar web |url=http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/velazquez/ |titulo=WebMuseum: Velázquez (or Velásquez), Diego |acessodata=2021-06-05 |website=www.ibiblio.org}}</ref> em Madrid.<ref name="ReferenceA"/>


=== Legado ===
=== Legado ===
Linha 81: Linha 81:


== Obras ==
== Obras ==
{{AP|Lista de pinturas de Velázquez}}
{{Artigo principal|Lista de pinturas de Velázquez}}
{{Dividir em colunas}}
{{Dividir em colunas}}
* ''[[As Meninas (Velázquez)|As Meninas]]'' (1656) - obra-prima de Velázquez em que aparece a infanta Margarida, suas damas de honra e o próprio pintor<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/>
* ''[[As Meninas (Velázquez)|As Meninas]]'' (1656) - obra-prima de Velázquez em que aparece a infanta Margarida, suas damas de honra e o próprio pintor<ref name="ReferenceA"/><ref name="pitoresco.com.br"/>
Linha 96: Linha 96:
* ''Isabel de Bourbon''
* ''Isabel de Bourbon''
* ''A Coroação da Virgem''
* ''A Coroação da Virgem''
* ''Os bebedores'' (1628-1821) - também conhecido como os "borrachos" ou "O triunfo de Baco" <ref name="ReferenceA"/>
* ''Os bebedores'' (1628-1821) - também conhecido como os "borrachos" ou "O triunfo de Baco"<ref name="ReferenceA"/>
* ''[[As Fiandeiras (Velázquez)|As Fiandeiras]]'' (c. 1657)<ref name="pitoresco.com.br"/>
* ''[[As Fiandeiras (Velázquez)|As Fiandeiras]]'' (c. 1657)<ref name="pitoresco.com.br"/>
* ''Dona Maria da Áustria, rainha da [[Reno da Hungria|Hungria]]''
* ''Dona Maria da Áustria, rainha da Hungria''
* ''O Bobo da Corte Sebastián Morra''
* ''[[O bobo Sebastián de Morra]]''
* ''[[Santa Rufina]]''
* ''[[Santa Rufina]]''
{{Dividir em colunas fim}}
{{Dividir em colunas fim}}
Linha 106: Linha 106:
|-----
|-----
| <gallery> Image:Las_Meninas,_by_Diego_Velázquez,_from_Prado_in_Google_Earth.jpg </gallery>
| <gallery> Image:Las_Meninas,_by_Diego_Velázquez,_from_Prado_in_Google_Earth.jpg </gallery>
|| <center> ''[[As Meninas (Velázquez)|As Meninas]]'', 1656 </center><br /> Mais conhecida como ''Las Meninas'' esta obra é uma das mais importantes e a mais famosa. Utilizou sua iluminação característica, introduziu um auto-retrato e sua técnica de quadro dentro do quadro.
|| <div style="text-align: center;"> ''[[As Meninas (Velázquez)|As Meninas]]'', 1656 </div><br /> Mais conhecida como ''Las Meninas'' esta obra é uma das mais importantes e a mais famosa. Utilizou sua iluminação característica, introduziu um auto-retrato e sua técnica de quadro dentro do quadro.
|| <gallery> Image:Diego Velaquez, Venus at Her Mirror (The Rokeby Venus).jpg </gallery>
|| <gallery> Image:Diego Velaquez, Venus at Her Mirror (The Rokeby Venus).jpg </gallery>
|| <center> ''[[Vénus olhando-se ao Espelho]]'', 1644-48 </center><br /> Esta obra gerou uma certa polêmica na época, pois não era comum retratar nu feminino, nem mesmo de uma figura mitológica.
|| <div style="text-align: center;"> ''[[Vénus olhando-se ao Espelho]]'', 1644-48 </div><br /> Esta obra gerou uma certa polêmica na época, pois não era comum retratar nu feminino, nem mesmo de uma figura mitológica.
|}
|}


Linha 114: Linha 114:
|-----
|-----
| <gallery> Image:Velazquez-The Surrender of Breda.jpg</gallery>
| <gallery> Image:Velazquez-The Surrender of Breda.jpg</gallery>
|| <center> ''A Rendição de Breda'', 1634-35 </center><br> [[Museu do Prado]], [[Madri]]
|| <div style="text-align: center;"> ''A Rendição de Breda'', 1634-35 </div><br> [[Museu do Prado]], [[Madri]]
|}
|}


== Ver também ==
{{Referências|col=2}}

== Ver Também ==
* [[Pintura do Barroco]]
* [[Pintura do Barroco]]
* [[Barroco Espanhol]]
* [[Barroco Espanhol]]
* [[Barroco]]
* [[Barroco]]

{{Referências|col=2}}


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
{{refbegin|2}}
{{refbegin|2}}
*{{citar livro|autor =Brown, Dale |título=The World of Velázquez: 1599–1660 |local=New York |publicado=Time-Life Books |ano=1969 | isbn=0-8094-0252-1 }}
* {{citar livro|autor =Brown, Dale |título=The World of Velázquez: 1599–1660 |local=New York |publicado=Time-Life Books |ano=1969 | isbn=0-8094-0252-1 }}
*Brown, Johnathan (1986) ''Velázquez: Painter and Courtier'' [[Yale University Press]], New Haven, ISBN 0-300-03466-0 ;
* Brown, Johnathan (1986) ''Velázquez: Painter and Courtier'' [[Yale University Press]], New Haven, ISBN 0-300-03466-0 ;
*Brown, Jonathan (1978) ''Images and Ideas in Seventeenth-Century Spanish Painting'' [[Princeton University Press]], Princeton, New Jersey, ISBN 0-691-03941-0;
* Brown, Jonathan (1978) ''Images and Ideas in Seventeenth-Century Spanish Painting'' [[Princeton University Press]], Princeton, New Jersey, ISBN 0-691-03941-0;
*Brown, Johnathan (2008) ''Collected writings on Velázquez'', CEEH & Yale University Press, New Haven, ISBN 978-0-300-14493-2.
* Brown, Johnathan (2008) ''Collected writings on Velázquez'', CEEH & Yale University Press, New Haven, ISBN 978-0-300-14493-2.
*{{citar livro|autor =Calvo Serraller, Francisco|título=Velázquez: |local=Madrid |publicado=Electa |ano=1999 | isbn=84-8156-203-3 }}
* {{citar livro|autor =Calvo Serraller, Francisco|título=Velázquez: |local=Madrid |publicado=Electa |ano=1999 | isbn=84-8156-203-3 }}
*Davies, David and Enriqueta Harris (1996) ''Velázquez in Seville'' National Gallery of Scotland, Edinburgh, ISBN 0-300-06949-9;
* Davies, David and Enriqueta Harris (1996) ''Velázquez in Seville'' National Gallery of Scotland, Edinburgh, ISBN 0-300-06949-9;
*"Diego Velázquez" (1911). ''[[Encyclopædia Britannica]]'', 11th ed. London: [[Cambridge University Press]].
* "Diego Velázquez" (1911). ''[[Encyclopædia Britannica]]'', 11th ed. London: [[Cambridge University Press]].
*{{citar web|título=Enriqueta Harris resalta la 'pasión británica' por ''Velázquez'' en un simposio en Sevilla |obra=El Pais Digital | url=http://www.bib.ub.es/velazquez/1varti1.pdf |acessodata=9 de abril de 2005 |arquivourl= http://web.archive.org/web/20041024132313/http://www.bib.ub.es/velazquez/1varti1.pdf <!-- Bot retrieved archive --> |arquivodata=24 de outubro de 2004}}
* {{citar web |título=Enriqueta Harris resalta la 'pasión británica' por ''Velázquez'' en un simposio en Sevilla |obra=El Pais Digital |url=http://www.bib.ub.es/velazquez/1varti1.pdf |acessodata=9 de abril de 2005 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20041024132313/http://www.bib.ub.es/velazquez/1varti1.pdf |arquivodata=2004-10-24 |urlmorta=yes }}
*Erenkrantz, Justin R. "[http://www.erenkrantz.com/Words/TheMaskAndTheMirror.shtml The Variations on Past Masters]". ''The Mask and the Mirror''. Accessed on April 10, 2005.
* Erenkrantz, Justin R. "[http://www.erenkrantz.com/Words/TheMaskAndTheMirror.shtml The Variations on Past Masters]". ''The Mask and the Mirror''. Accessed on April 10, 2005.
*Goldberg, Edward L. "Velázquez in Italy: Painters, Spies and Low Spaniards". ''The Art Bulletin, Vol. 74, No. 3'' (Sep., 1992), pp.&nbsp;453–456.
* Goldberg, Edward L. "Velázquez in Italy: Painters, Spies and Low Spaniards". ''The Art Bulletin, Vol. 74, No. 3'' (Sep., 1992), pp.&nbsp;453–456.
*Moser, Wolf (2011) ''Diego de Silva Velázquez: Das Werk und der Maler'' 2 Vols. Edition Saint-Georges, Lyon, ISBN 978-3-00-032155-9
* Moser, Wolf (2011) ''Diego de Silva Velázquez: Das Werk und der Maler'' 2 Vols. Edition Saint-Georges, Lyon, ISBN 978-3-00-032155-9
*Prater, Andreas (2007) ''Venus ante el espejo'', CEEH, ISBN 978-84-936060-0-8.
* Prater, Andreas (2007) ''Venus ante el espejo'', CEEH, ISBN 978-84-936060-0-8.
*Salort-Pons, Salvador, "Velázquez en Italia", Fundación de Apoyo a la História del Arte Hispanico, Madrid 2002,ISBN 84-932891-1-6
* Salort-Pons, Salvador, "Velázquez en Italia", Fundación de Apoyo a la História del Arte Hispanico, Madrid 2002,ISBN 84-932891-1-6
*"Velázquez, Diego" (1995). ''Enciclopedia Hispánica''. Barcelona: Encyclopædia Britannica Publishers. ISBN 1-56409-007-8.
* "Velázquez, Diego" (1995). ''Enciclopedia Hispánica''. Barcelona: Encyclopædia Britannica Publishers. ISBN 1-56409-007-8.
*Wolf, Norbert (1998) ''Diego Velázquez, 1599–1660: the face of Spain'' Taschen, Köln, ISBN 3-8228-6511-7;
* Wolf, Norbert (1998) ''Diego Velázquez, 1599–1660: the face of Spain'' Taschen, Köln, ISBN 3-8228-6511-7;
{{refend}}
{{refend}}


== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
{{commons|Diego Velázquez}}
{{commons|Diego Velázquez}}
* {{link|1=|2=http://owlstand.com/#/exhibitions/6ad2f894-70a2-4654-ab26-3f3c0aebd075|3=Oito obras de Diego Velázquez|4=Exposição on-line em Owlstand}}
* {{Link||2=http://owlstand.com/#/exhibitions/6ad2f894-70a2-4654-ab26-3f3c0aebd075|3=Oito obras de Diego Velázquez|4=Exposição on-line em Owlstand}}
{{Portal3|Arte|Espanha}}
{{Portal3|Pintura|Biografias|Arte|Espanha}}

{{Controle de autoridade}}


{{DEFAULTSORT:Velazquez, Diego}}
{{DEFAULTSORT:Velazquez, Diego}}
Linha 154: Linha 156:
[[Categoria:Espanhóis de ascendência portuguesa]]
[[Categoria:Espanhóis de ascendência portuguesa]]
[[Categoria:Espanhóis do século XVII]]
[[Categoria:Espanhóis do século XVII]]
[[Categoria:Cavaleiros da Ordem de Santiago]]

Revisão das 15h20min de 9 de junho de 2024

 Nota: Para o ator, veja Diego Velazquez (ator).
Diego Velázquez
Diego Velázquez
Autorretrato, de cerca de 1640
Nascimento 6 de junho de 1599[1][2][3][4][5]
Sevilha, Espanha[2][3][4][5]
Morte 6 de agosto de 1660 (61 anos)[1][3][4][5]
Madrid, Espanha[1][3][5]
Nacionalidade espanhol[1][3]
Ocupação pintor[3]
Principais trabalhos Las Meninas (1656),[3][5]
La Venus del espejo (1644-1648)
La Rendición de Breda (1634-1635)

Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (Sevilha, 6 de junho de 1599Madrid, 6 de agosto de 1660[3][4][5][6]) foi um pintor espanhol e principal artista da corte do rei Filipe IV de Espanha. Era um artista individualista do período barroco contemporâneo, importante como um retratista.[7] Além de inúmeras interpretações de cenas de significado histórico e cultural, pintou inúmeros retratos da família real espanhola, outras notáveis figuras europeias e plebeus, culminando na produção de sua obra-prima, Las Meninas (1656).[3]

Desde o primeiro quarto do século XIX, a obra de Velázquez foi um modelo para os pintores realistas e impressionistas, em especial Édouard Manet[5] que chegou a afirmar que Velázquez era o "pintor dos pintores".[5] Desde essa época, os artistas mais modernos, incluindo os espanhóis Pablo Picasso[1] e Salvador Dalí, bem como o pintor anglo-irlandês Francis Bacon,[1] que homenageou Velázquez recriando várias de suas obras mais famosas.[7]

A grande maioria dos seus quadros estão no Museu do Prado.

Possui ascendência judaica-portuguesa pelo lado dos seus avós paternos.[8][9][10]

Biografia

Família e infância

Diego Velázquez foi um artista tecnicamente formidável, e na opinião de muitos críticos de arte, insuperável pintor de retratos.
A crucificação de Jesus Cristo, c.1632
Museu do Prado
Papa Inocêncio X, 1650
Galeria Doria Pamphilj

Filho de um advogado nobre, João Rodrigues da Silva, nascido no Porto em 1574, Velázquez levou o prenome do avô paterno que, em 1581, deixou Portugal (era originário do Porto) para instalar-se com sua esposa (Maria Rodrigues) e seu jovem filho, em Sevilha, onde Diego nasceu a 6 de Junho de 1599[1][2][5] e batizou-se.[3] Provavelmente nasceu no dia anterior ao do seu batismo, ou seja, 5 de Junho de 1599[11] Sua mãe era de origem sevilhana. Ele era o mais velho de oito irmãos.[12][13][14][3]

Juventude e estudos

Em 1609, sua família percebeu sua vocação e, ainda jovem, Velázquez foi levado para estudar com Francisco Herrera, o Velho,[5] prestigioso pintor sevilhano naturalista apaixonado pela arte de Caravaggio. Em dezembro do mesmo ano, entrou como aprendiz no estúdio de Francisco Pacheco del Río[1][5] e, em 1611, o pai assinou, em seu nome, um contrato de aprendizado por seis anos (que acabou em 1617) com Pacheco,[2] após o que seria submetido a exame, constituído por uma prova teórica e uma prova prática de pintura a óleo. Em Sevilha, a comunidade artística era regida por uma espécie de confraria. A corporação de São Lucas era controlada por Pacheco e Juan de Uceda. Depois de passar pelos exames,[5] Velázquez precisava jurar fidelidade aos estatutos da organização. Só então teria o direito de praticar a arte.[7]

No ano de 1617 criou a sua própria oficina de trabalho em Sevilha.[2][5]

Primeiros trabalhos

Em seus primeiros trabalhos é possível notar contraste entre zonas escuras e zonas iluminadas por um único foco de luz, uma tentativa de ressaltar volumes e relevos. Esta técnica era característica do tenebrismo e tinha como principal artista Caravaggio,[1] muito conhecido pelo seu sarcasmo. Um exemplo destacante deste período seria Adoração dos Reis Magos (1619).[6]

Como um pintor de retratos inspirado no tenebrismo buscava mostrar os detalhes de cada modelo. Sendo que seu diferencial era não prender-se apenas ao cômico ou ao grotesco dos personagens, retratando todos respeitosamente e destacando a individualidade de cada um.

Casou com a filha do seu professor Francisco Pacheco, Juana Pacheco em 1618,[2][5] no mesmo ano nasce a sua primeira filha, Francisca, em Sevilha,[5] logo Velázquez iria se unir a Diego de Melgar, com quem foi para Madrid e mais tarde casar-se com o pintor Martínez del Mazo.[5] A personalidade do seu mestre, Pacheco, tido como pintor medíocre, mas teórico interessante, forneceu uma sólida formação técnica a Velázquez e acesso a um meio que revelou-se valioso para a sua profissão. Pacheco encarregou Velázquez, em sua primeira viagem a Madrid, de encontrar Luís de Góngora, o poeta, e de fazer seu retrato. Durante a viagem, na companhia do poeta Francisco de Rioja, seu discípulo e servo - membro da academia sevilhana de Pacheco, foi apresentado a Gaspar de Guzmán conde-duque de Olivares, também sevilhano. A partir daí, Velázquez tem acesso às coleções reais.

Família real

Em 1622, faz a sua primeira viagem para Madri.[5] Em 1623 faz a sua segunda viagem com o propósito de retratar Felipe IV.[2][3][5][6] Em 1623, um ano depois da morte de Rodrigo de Villandrano, um dos cinco pintores do rei, Felipe IV nomeia-o pintor oficial da corte[2][5] por intermédio do ministro real, o conde Olivares, que se torna seu protetor.[3][6]

O resultado foi um retrato equestre do rei, o qual ficou maravilhado e concedeu na mesma hora a Velázquez o posto de pintor de câmara da corte real.[2] Pena que o paradeiro desta obra seja desconhecido.[3]

Seu ingresso na corte foi o primeiro passo para cumprir seus objetivos dentro da pintura e de sua vida social. Tinha um recurso único que era a permissão de poder visitar sempre que quisesse o acervo real de obras-primas. No período de (1628-1629) conheceu o grande mestre do barroco Peter Paul Rubens,[1] que também era membro da corte. Conhecer Rubens motivou Velázquez a pintar cenas mitológicas

Primeira viagem à Itália

Foi pela primeira vez à Itália em 1629,[1][5] onde permaneceu um ano e meio e visitou os mais importantes centros culturais da Itália,[3] descobriu o colorido da escola veneziana[3] e copiou e estudou, entre outros, Ticiano,[1] Tintoretto e Veronese, foi a Nápoles encontrar-se com Ribera.[3] A viagem intensificou o realismo de Velázquez,[3] como demonstram duas de suas mais importantes composições, "A forja de Vulcano" (1630)[3] e "A túnica ensanguentada de José levada a Jacó" (1630).[3] Por sua composição, ambas as telas revelam a influência de El Greco,[3] pelo qual Velázquez nutria intensa admiração.[3] Entre a produção dessa época destaca-se também "Crucifixão" (cerca de 1630);[3] tipicamente espanhola, trata-se de uma composição sombria, que nada deve às representações italianas, e cujo realismo ultrapassa todas as convenções.[3]

Período entre as viagens

Obrigado a regressar à Espanha em 1631,[3] por problemas de saúde,[3] Velázquez retomou suas funções e deu início à fase mais produtiva de sua carreira, marcada não apenas pelos retratos de personagens da corte, mas também por trabalhos com temas históricos, mitológicos e religiosos.[3] Para a redecoração do palácio de Bom Retiro, realizou diversos retratos equestres de Felipe IV[3] e sua única obra com tema histórico, A Rendição de Breda (1634).[3] Também conhecida como "As lanças", a obra é considerada por grande parte dos críticos como a mais perfeitamente equilibrada do artista.[3]

Ao voltar de viagem, executou trabalhos religiosos e profanos, assim como retratos equestres do rei e do infante. Sucederam-se as obras-primas como Cavalo Branco, os retratos de bobos da corte e as efígies de Esopo e de Menippe.

Em 1643, Velázquez foi levado para um cargo administrativo,[2] devido à queda do conde-duque de Olivares. Isso criou um ponto alto na sua obra.

Em 1647 ele foi encarregado de um projeto para modernizar o palácio de Alcázar de idade.[2]

Segunda viagem à Itália

Em 1649, Velázquez fez uma segunda viagem à Itália[1][5] para comprar pinturas de Ticiano, Tintoretto e Paolo Veronese e esculturas[3] e manter-se a par da evolução da arte italiana.[2] Lá em Roma, ele pintou três quadros,[3] incluindo um do Papa Inocêncio X[1] (pintura de 1650[1])[2][3] notável pela sua severidade[3] e que tornou-se mais tarde uma obsessão na obra de Francis Bacon.[1] Ele também teve um caso, resultando em um filho ilegítimo que atrasou consideravelmente seu retorno à Espanha[2] - para grande desgosto do rei. Enquanto isso, ele também pintou o famoso quadro Vênus do espelho para um nobre espanhol importante, o Marquês de Eliche.[2] Em 1650, tornou-se membro da Escola de Arte Romana.[1] Na Itália, foi nomeado membro das academias romanas de São Lucas[5] e d'os Virtuosos do Panteão.[5]

Retorno a Madrid e idade de ouro

De volta a Madrid em 1651, foi encarregado da decoração de todos os palácios reais, mas prosseguiu com seus trabalhos de pintura, embora em ritmo menos acelerado. São dessa época os retratos da rainha D. Mariana (1652-1653) e da infanta D. Maria Teresa (1652-1653), que mais tarde se tornaria rainha da França. Por volta de 1655, pintou o primeiro quadro na história da arte dedicado ao trabalho, "As fiandeiras" , que teve suas proporções definidas com base na observação de Velázquez das composições do teto da capela Sistina.[3]

Em 1656, pintou Las Meninas,[1][3][15] composição de extrema complexidade que culmina a série dos quadros da corte. É a síntese de seu realismo e de seu idealismo, tanto no sentido das proporções ideais como no do espírito aristocrático. A composição contrasta o grupo circular das figuras em cena e as linhas verticais que tendem para cima.[7] Igual contraste se nota entre os fundos escuros e a luz que envolve as figuras. A infanta Margarida Maria é o centro ideal da composição e em torno dela giram as outras figuras, inclusive o próprio Velázquez, autorretratado. A cena parece inesperada e espontânea, a infanta e suas damas de honra o veem pintar o rei e a rainha, vistos apenas refletidos num espelho ao fundo—apesar da hierarquia calculada do conjunto, com o artista em discreto segundo plano.[1][3][15] Em 1659 Velázquez adquire o título de Cavaleiro da Ordem de Santiago.[1]

Últimos trabalhos e morte

Infanta Margarida da Áustria, 1665
Juan Bautista Martínez del Mazo
antigamente atribuída a Velazquez
Museu do Prado

Em 1660, Velazquez tinha o encargo da sua última e maior cerimónia - o casamento da infanta D. Maria Teresa de Luís XIV de França. Este foi um dos trabalhos mais elaborados. Desgastado por esses trabalhos, Velazquez contraiu uma febre que o fez morrer a 6 de agosto[2][16] em Madrid.[1]

Legado

A sua fama veio logo após sua morte, começando no início do século XIX, quando se provou um modelo para os artistas realistas e impressionistas, em especial para Edouard Manet. Sua influência estendeu-se para artistas como Pablo Picasso[1] e Salvador Dali.

Até o interesse por Velázquez no século XIX, suas pinturas situadas nos palácios e o museu de Madrid foram pouco conhecidas pelo mundo exterior; elas escaparam do roubo pelos soldados franceses durante a Guerra Peninsular.[7] Em 1828, sir David Wilkie escreveu de Madrid que ele próprio sentiu a presença de um novo poder na arte quando observou os trabalhos de Velázquez, passando a usar um estilo mais variado e ousado da cor.[17]

Obras

Ver artigo principal: Lista de pinturas de Velázquez
As Meninas, 1656

Mais conhecida como Las Meninas esta obra é uma das mais importantes e a mais famosa. Utilizou sua iluminação característica, introduziu um auto-retrato e sua técnica de quadro dentro do quadro.

Esta obra gerou uma certa polêmica na época, pois não era comum retratar nu feminino, nem mesmo de uma figura mitológica.
A Rendição de Breda, 1634-35

Museu do Prado, Madri

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac La Historia del Arte, Blume,ISBN 978-84-8076-765-1
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p «Diego Velázquez» (em inglês). The National Gallery. Consultado em 5 de agosto de 2012 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai aj ak al am an «Diego Rodrigues da Silva y Velázquez». Encyclopædia Britannica do Brasil. Consultado em 5 de agosto de 2012. Arquivado do original em 25 de junho de 2012 
  4. a b c d staff.esuhsd.org/balochie/studentprojects/velazquez/index.html
  5. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w Guía de sala VELÁZQUEZ, Francisco Calvo Serraller
  6. a b c d «Diego Velázquez». R7. Algo Sobre. Consultado em 5 de agosto de 2012 
  7. a b c d e «Diego Velázquez - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 5 de agosto de 2012 
  8. Newitt, Malyn (1 de dezembro de 2009). Portugal in European and World History (em inglês). [S.l.]: Reaktion Books. ISBN 9781861897015 
  9. «Studies Western Art No.4». www.sangensha.co.jp. Consultado em 18 de agosto de 2019 
  10. «Secret History. The Family Background the Painter was at Pains to Hide in His Application for Entry into The Military Order of Santiago.@es|||Secret History. The Family Background the Painter was at Pains to Hide in His Application for Entry into The Military Order of Santiago.@en|||». Museo Nacional del Prado (em espanhol). Consultado em 18 de agosto de 2019 
  11. Bardi, Documentación sobre el hombre y el artista, p. 83.
  12. Corpus velazqueño, p. 40; el 7 de noviembre de 1621 recibió el bautizo Francisca, la octava hermana de Velázquez, cuando este ya había sido padre de dos niñas.
  13. Justi, op. cit., pp. 107-114.
  14. Gállego, op. cit., p. 15.
  15. a b «Las Meninas - The Collection - Museo Nacional del Prado». www.museodelprado.es. Consultado em 5 de junho de 2021 
  16. «WebMuseum: Velázquez (or Velásquez), Diego». www.ibiblio.org. Consultado em 5 de junho de 2021 
  17. «Sir David Wilkie | biography - British painter». Consultado em 25 de agosto de 2015 

Bibliografia

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Diego Velázquez